José Luís de Oliveira - Zélus

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Campinas / Brasil Afirmativo, São Paulo, Brazil
O sangue do Negro Africano, Índio Brasileiro e dos Imigrantes Europeus, correm em minhas veias, Brasileiro sem dúvida nenhuma. Campineiro da gema, apaixonado por Campinas - (SP) sua história, arquitetura e povo. Nasci em 21 de Agosto de 1964, em uma família, de quatro gerações de ferroviários, homens que passaram suas vidas entre o ferro fundido dos trilhos, e o fogo das caldeiras. Iniciei minha vida no ramo da metalurgia, seguindo os passos dos homens de minha família. No chão de fábrica ... Não, demorou muito para que, tomasse consciência, da importância, da eterna luta de classes, em busca de melhores condições de vida e inclusão social. Hoje militante do movimento negro, costumo dizer, que não escolhi ser do movimento negro, o movimento é que me escolheu. Meu bisavô Armando Gomes fundou a Liga Humanitária em 28 de novembro de 1915. A luta do povo negro, é distinta, e não pode ser, refém de partidos, e interesses meramente pessoais. Jornalista e Artista Plástico, resolvi usar este espaço, para relatar, o dia a dia, do nosso povo, o brasileiro.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Monumento é limpo no dia das Mães: integrantes do Museu do Negro do Cambuí livram a estátua Mãe Preta da sujeira e das pichações. Correio Popular, Cam

Uma homenagem diferente às mães e, em especial, às mães negras. Esta foi a idéia de um grupo de representantes do Museu do Negro do Cambuí, que realizou ontem uma verdadeira “faxina” no monumento à Mãe Preta, localizado na Praça São Benedito, em frente à Igreja São Benedito.“Nós protocolamos um documento junto à Prefeitura no ano passado, pedindo arestauração do monumento, que estava abandonado”, contou Geraldo Mendes, integrante do Museu do Negro do Cambuí. Sem querer esperar mais devido ao estado de abandono da estátua, eles decidiram agir e escolheram o Dia das Mães para fazer a homenagem. Mendes executou a limpeza do monumento junto com o coordenador do Museu, Maurifio X. A limpeza, que começou por volta das 10h, no fmal da manhã já mostrava um lado novo do monumento, livre de pichações. A estátua da Mãe Preta foi construída pela Federação Paulista dos Homens de Cor de Campinas, na década de 70. Mas há vários anos o monumento histórico vem sofrendo com a pichação.

PROGRAMA


O Dia das Mães, apesar de ser considerada por muitos uma data comercial, é para ser comemorada em família, segundo as próprias mães. Esta é a visão de Angela Maria de Souza Coelho, que foi à Lagoa do Taquaral com os filhos Henrique, de 10 anos, e]Helena, de 1 ano e oito meses. “O dia é especial porque direciona a atenção para a pessoa que cuida de você 365 dias do ano”, disse.Já Matildes Bongiovanni, que mora em Cosmópolis, tirou o Dia das Mães para fazer um passeio em Campinas com as filhas Bianca, de 24 anos, e Bruna, de 3. Elas visitaram a Lagoa doTaquaral pela primeira vez e aproveitaram paraandar de pedalinho juntas.Para Matildes, o Dia das Mães é mais que especial. “É um dia nosso para ficar com os filhos e por mais que falem que todo dia é dia das mães, este é um momento especial”, comentou.Andar de pedalinho pela primeira vez também foi a forma encontrada por Maria Angela Pinke para se divertir com o neto Vitor Pinke de Oliveira Basso, 5 anos. Maria Angela, que tem três filhas diz que o Dia das Mães deve ser dedicado à família. “Toda família deveria procurar estar junta nesta data para aproveitar ao máximo a presença da mãe”, recomendou.Ainda em seus primeiros dias como mãe, Marta Gonçalves Nascimento de Lima segurava orgulhosa a pequena Ruth KeUy, de apenas um mês. Ela comemorou, ontem, junto com o marido Clãudio Rodrigues de Lima, seu primeiro Dia das Mães. “Não dá nem para explicar o que é ser mãe, mas é um sentimento muito bom”, afirmou.

Fomentar a criação e a constante vivificação de Museus do Negro, isto deveria prioridade na valorização da história do povo negro

[PDF]
Folder de divulgação do 1º Encontro Estadual da Consciência Negra ...
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTMLfomentar a criação e a constante vivificação de Museus do Negro. Esses deveriam ser espaços. interativos para a valorização da história do povo negro na ...www.revistadeeducacaopopular.proex.ufu.br/include/getdoc.php?id=268&article=112&mode=pdf - Páginas Semelhantesde M Erlan

Overmundo reclama do fechamento do Museu do Negro

Cara deixa eu te falar, estou aqui na minha cidade, Campinas SP e hoje fui ao museu do Negro, pois quero fazer um documentário sobre a importância do negro na formação desta cidade. Sabe o que encontrei? O museu de portas fechadas. A casa sendo alugada e os vizinhos dando graças a Deus, pois era uma negrada naquele pedaço... Olhei para ele, e tive vontade de vomitar, de cuspir no rosto deles... Mas virei às costas e me fui. Agora achei uns livros maravilhosos de um professor negro da Unicamp ele já morreu, mas tem muita coisa boa lá, mas estou com medo de não arrumar nenhum patrocínio, da TV local não comprar a idéia, mas se eu tivesse pelo menos como levantar uma grana, para fazer este documentário, eu nem queria TV, eu queria mesmo era levar de cidade em cidade, nas praças públicas p 2 ou 3 mil pessoas e rir da cara destes bostas.E você com roteiros e não participou do festival ACI- Globo Cine... Viu que quem ganhou foi à coreana KIM, a Gaiata? Aqui do overmundo? Da uma olha da no texto dela, monólogos. Maravilhosa idéia. Valeu grande!

Em Campinas temos o Museu do Negro, na rua Emilio Ribas, Cambuí. Mas, infelizmente, a casa não recebe ajuda nenhuma e é mantida pelo idealismo puro e


O Kenji fez um comentário interessante. Na verdade há bons museus afro-brasileiros, como a Casa do Benin, no sopé do Pelourinho. Mas ele tem razão ao dizer que são poucos. E certamente falta divulgação a eles. Preferimos, claro, acorrer em massa a qualquer exposiçãozinha itinerante de quadros de segunda de Renoir, por exemplo. Já os comentários do MarcosVP me surpreenderam. Primeiro, porque não dá para comparar a trajetória dos cristãos novos na Península Ibérica com a dos negros no Brasil. Na verdade, não dá sequer para comparar os cristãos novos com os mouros no mesmo lugar. Cristãos novos foram perseguidos, sim; mas o que havia não era preconceito racial, e sim religioso: bastava abjurar o judaísmo e suas vidas estavam resolvidas. Infelizmente, negros não podem trocar de cor. Mouros também não. Além disso, cristãos novos não costumavam ser escravizados em Portugal; mouros, sim. E como aqueles tinham dinheiro, e Portugal sempre foi um Estado mercantil antes de agrário, os “assassinos de Cristo” eram interessantes para o Reino. A verdade é que, embora não tenha sido nenhum passeio, a situação dos judeus e ex-judeus em terras de Portugal e Espanha foi muito mais confortável do que em outros lugares. E eles tiveram um papel importantíssimo na formação do Brasil, graças ao seu espírito empreendedor e à vocação para o comércio. Quando o assunto é especificamente o Brasil, a coisa piora. Não dá para comparar a trajetória dos negros com a de nenhuma outra etnia aqui. A grande diferença entre africanos e outros imigrantes é que portugueses, alemães, italianos, japoneses vieram para o Brasil seduzidos por promessas de terras, empregos ou simplesmente de uma vida melhor. Os africanos vieram porque alguém os acorrentou e os enfiou no porão de um navio tenebroso, para levar chicotada na lavoura de cana de açúcar. Eles jamais tiveram escolha. E isso faz toda a diferença. Não é demais lembrar que, no mesmo instante em que libertava de vez os escravos, sem nenhuma compensação porque aqueles crioulinhos deviam se dar por felizes por serem livres, um Brasil recém-reeuropeizado e envergonhado de sua jequice tentava seduzir caucasianos europeus — normalmente camponeses analfabetos — com ofertas de terras. Não interessava que em casos como o de uma colônia de alemães no Recôncavo Baiano a coisa degenerasse ao máximo, ao contrário do que acontecia em tantos quilombos ou em pequenos lotes de terra. Europeus tinham que ser melhores que os nativos. Parece significativo que brasileiros tenham tanto orgulho de carregar sobrenomes italianos ou alemães, quase esquecendo que a maioria esmagadora da emigração para o Brasil era de camponeses semi-analfabetos que fugiam da fome, e despreza sua ascendência negra — mesmo que esses antepassados tenham sido muitas vezes mais letrados que seus donos, e sempre tenham se destacado como artesãos. E esse orgulho da ascendência européia vem, sim, de certo preconceito racial, confessado ou não. Mas o que me incomoda mais é o argumento de que afinal a escravidão já existia na África, como o Marcos lembrou. É um dos argumentos que me irritam, porque sempre são citados como atenuante da desumanidade brasileira escravista. Isso permite uma analogia simples. Uma moça é constantemente estuprada. Pela lógica alegada pelo Marcos, isso me dá o direito de estuprá-la também, já que ela era estuprada antes. O fato é que nada, absolutamente desculpa o fato de que o Brasil importou dezenas de milhões de escravos africanos. Esse argumento sequer deveria ser citado. Se lá havia ou não escravidão, é problema deles. Não se pede reparação para os escravos africanos do Sudão; o problema são os afro-brasileiros. Além disso, é sempre bom lembrar que historicamente há três coisas em que somos realmente bons, talvez os melhores do mundo: samba, futebol e tráfico de escravos. O Brasil sucedeu Portugal no domínio mercante do Atlântico Sul. E o que mercadejávamos eram africanos. Quanto aos problemas étnicos na África, tampouco custa lembrar que os maiores responsáveis por isso são — bidu! — os europeus, com sua política canalha de colonização e exploração da África. O Marcos provavelmente não sabe, mas um exemplo perfeito é o Congo. Para explorar borracha e marfim, o rei Leopoldo II, da Bélgica, foi o autor de um dos piores genocídios da história: mais de 30 milhões de mortes em poucas décadas. (O filme Appocalypse Now deriva, no fim das contas, dessa história medonha.) E isso não foi há muito tempo: foi há menos de 100 anos. A Criss falou sobre as revistas direcionadas ao público negro. Reclamar de uma revista dirigida ao público negro — que não vê, por exemplo, sugestões de cortes de cabelo ou cuidados específicos com a pele nas revistas “comuns” de moda — pode denotar que essa afirmação do valor da etnia negra acaba incomodando ou, pelo menos, chamando a atenção. Mas ainda que a situação não fosse essa, parem e dêem uma olhada. Vejam quantos negros aparecem nas capas das revistas brasileiras. Isso é fácil de fazer. Basta dar uma olhada superficial na banca da esquina. Se vamos reclamar da revista Raça Negra, vamos reclamar também das revistas dirigidas a empresários, a advogados, a costureiras. Até uma revista chamada “Sociologia” apareceu nas bancas recentemente, o que para mim é o primeiro anjo tocando sua trombeta para o fim dos tempos. O fato é que o post, porque faz algumas reparações ao Estatuto da Igualdade Racial, e porque discorda do espírito geral apontado por ele, despertou uma série de comentários curiosos. Do meu ponto de vista, a diferença entre o post e os comentários é que, enquanto o post reconhece o problema racial e social mas discorda de alguns pontos da solução proposta — e acha que essa solução é eminentemente social, e não racial –, a maior parte dos comentários ia de encontro justamente à questão racial.
Como eu disse, dá o que pensar.
November 23rd, 2006 at 10:21 am
Ivone says:
Olá, Rafael

Todos os dias venho por aqui para ler seus textos e os comentários feitos a eles e quero dizer que gosto muito da forma e do conteúdo de sua escrita. Depois de tantos acessos silenciosos, hoje resolvi me manifestar por algo que aconteceu ontem numa escola aqui da zona sul do Rio. Segue:
Uma amiga contou ontem que na escola em que dá aula uma professora estava dizendo que acha absurdo o Bolsa Família e outros programas de assistência do governo. Outro professor contestou dizendo que deixaram a miséria crescer e se aprofundar por décadas, que agora têm que arcar com o ônus. Discordo do argumento por achar que não se trata de deixaram, mas de deixamos. Deixamos quando acreditamos em alguns mitos sobre a pobreza e a miséria e quando confirmamos e propagamos alguns preconceitos. E também quando embora não os tenhamos, não fazemos nada para combatê-los. Mas minha necessidade em por minha angústia e desgosto no papel não reside aí. A professora não entendeu o argumento, achou que o professor havia concordado com ela e completou: “pior é ver estas crianças da rocinha, todas com aparelho nos dentes, porque o governo federal agora dá o tratamento dentário a elas”. Sinceramente, nem sei por onde começar. Fiquei e sempre fico muito chocada e dolorida com a falta de generosidade, empatia, consideração, compaixão e humanidade das pessoas. Sei que por aí, por aqui, por todo lugar, está cheio de pessoas assim, mas não consigo naturalizar uma coisa dessas. Nem ignorar. Eu sou daquelas que ainda sente um gosto muito amargo quando vê todos os dias o paradoxo de “moradores de rua”. Moradores sem moradia. Ora, ora. O governo não dá nada, para começar, pois pagamos impostos. E esta idéia de que pobre não paga imposto é torpe, pois pobre também compra de pão a sabão, e em tudo há imposto. O que o pobre não paga é imposto de renda, pelo fato mais óbvio: não tem renda para isso. Está sempre abaixo do limite da declaração obrigatória. Então, o que o governo faz é optar em como e no que investir o imposto. Neste caso está devolvendo o imposto lá nos dentes da meninada. Interessante que ontem eu ouvi esta história por ter comentado, ao ser atendida numa lanchonete por uma menina com total estrabismo divergente, que mesmo que ela tivesse um boa graduação, falasse uma ou mais línguas estrangeiras, onde ela trabalharia com aquela aparência? Ela poderia ter feito secretariado executivo, falar inglês e francês que, ainda assim, não seria secretária. Questão de exclusão pela aparência. Foi aí que minha amiga lembrou do ocorrido na escola e me contou. Ora, dentes podres e tortos também são excludentes. E, claro, ainda há a questão da saúde. Até outro dia, revisando um texto de fisioterapia, eu poderia pensar em questões de saúde bucal ou algumas inflamações, podendo chegar à infecção, pois disso eu já sabia. Agora, tendo revisado este trabalho, soube que alguns problemas bucais afetam até a postura, ao longo do tempo. Será que tudo isso não é mais do que suficiente para que eu deseje que todas as crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e mais o que for, tenham acesso a tratamento dentário? Que lógica perversa é essa que defende que se o meu filho ou eu usamos aparelho é porque pagamos para isso e que o menino favelado não pode porque ele não pagou da mesma forma que eu (afinal paga de outra!)? Que lógica perversa é essa que não entende que são meninos e meninas (crianças!), indo à escola todos os dias, aliás, por exigência do governo para não perderam os benefícios, e que isto pode quebrar com o ciclo perverso que seguiram seus avós, seus pais e que eles também seguiriam? Que lógica perversa é essa em que vivem algumas pessoas que não pensam que um dia podem falir, ficar na miséria e precisar de assistência? E de solidariedade. Esta que desconhecem e fazem questão de não conhecer agora. Não entendo esta lógica perversa e peço a todas as forças boas do universo que jamais me permitam conhecer.
Amém.
Um grande abraço,Ivone.
November 24th, 2006 at 3:29 pm
says:

Em Campinas temos o Museu do Negro, na rua Emilio Ribas, Cambuí. Mas, infelizmente, a casa não recebe ajuda nenhuma e é mantida pelo idealismo puro e simples. O acervo é pequeno, embora interessante. E divergências entre os diretores ameaçam a casa de fechar as portas no ano que vem. Em tempo: belas palavras Ivone! Seu desabafo deveria ser lido pelas crianças brasileiras na escola

o presidente do Museu do Negro de Campinas, que convidou a JR-IRJ para apresentar o vídeo sobre o furacão Katrina e também uma discussão sobre a campa

Construção do 10ºENJR em Campinas

11 de março de 2008

Nesse sábado, 8 de março, estivemos presente no evento da CUT em comemoração ao dia internacional da mulher. A Juventude Revolução - IRJ montou uma banca para a venda dos nossos cadernos de formação e para difusão da carta chamado para o encontro. Estabelecendo o diálogo com pessoas na rua e com participantes do evento tivemos a oportunidade de conhecer o José Luís de Oliveira - Zélus - Presidente do Museu do Negro de Campinas, que convidou a JR-IRJ para apresentar o vídeo sobre o furacão Katrina e também uma discussão sobre a campanha de Cynthia Mckinney à presidente dos EUA.Na tarde de ontem recebemos o apoio do SINTP (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia – SP) que nos cedeu um carro com um tanque de gasolina para o envio de 4 delegados ao encontro de Juiz de Fora. Agora estamos batalhando por mais um tanque de gasolina e pelo dinheiro para as inscrições dos delegados. Nosso instrumento de arrecadação é a venda de uma rifa de Jose Sacco que trata sobre a questão Palestina em forma de quadrinhos.Nosso objetivo é levar 3 delegados da UNICAMP e 1 delegado da cidade de Jacareí – SP. Daniel SantosÉ estudante de Ciências Sociais – Unicamp e militante da Juventude Revolução - ISJ.

Museu do negro no You Tube

YouTube - Campinas, a Princesa D'Oeste
Uma homenagem à cidade de Campinas.Visitamos uma parte das mais conhecidas ... Museu do Negro - EsPCEx - Estádios - Maria Fumaça - Estação Guanabara ...www.youtube.com/watch?v=O4wTb_q08nc - 75k - Em cache - Páginas Semelhantes

Memória do Museu Negro - Revista Sarau - Unicamp








1. Vista da fachada principal do Museu do Negro antes do fechamento. Fonte: Acervo da CSPC e MNC

2। Registro de identificação de Adão Bernardino na Sociedade Humanitária Operária। Fonte: Acervo da CSPC e MNC

3. Foto de Agostinho dos Santos trabalhando como Guarda Civil em São Paulo, em 1947. Fonte: Acervo da CSPC e MNC




Carolina Bortolotti de Oliveira e Gabriela Veras Iglesias



O primeiro registro sobre a existência de um possível museu na residência situada na rua Emílio Ribas dá-se em 15 de agosto de 2001, quando Geraldo Mendes, que havia comprado aproximadamente 18% do imóvel em 1994, o indica para tombamento, por ser um dos últimos exemplares de existência e interação da comunidade negra na região do Cambuí. A notícia de tombamento não é bem aceita, a principio, pelo senhor Agostinho que possuía os 82% restante da casa e, portanto, sua posse. Porém, em julho de 2002 vende sua parte ao Geraldo Mendes e passa a abraçar a causa, tornando-se a principal referência de uma memória viva sobre um passado que a casa materializava: um reduto da convivência de uma comunidade negra que, durante décadas, refletiu o processo de integração entre a comunidade negra livre e a sociedade branca da região. Em 2002, o Museu abrigava um pequeno acervo de pertences referente à família Santos, que se destacara na comunidade como uma família com boa posição social dentro de uma sociedade pós-abolicionista: tratava-se dos registros de Adão Geraldo dos Santos, Adão Bernardino dos Santos e Agostinho dos Santos. O primeiro objetivo proposto para o local era o de sua utilização como ponto de atividade entre a atual comunidade negra, contribuindo, dessa maneira, com o movimento de resistência que, todavia, persiste em nossa sociedade, a trajetória da Família Santos. A casa está localizada no quadrilátero delimitado pelas ruas Emílio Ribas, Santo Antônio, Antônio Lapa e Sampaio Ferraz. Muitas famílias de negros viveram nessa área do Cambuí, já na primeira metade do século XIX, constituindo uma comunidade que se caracterizava, principalmente, pelo cultivo agrícola e de subsistência. O bairro, nessa época, era considerado periferia da cidade e passagem de tropeiros – onde está situado o Largo de Santa Cruz - havendo apenas fazendas nessa região. Posteriormente, com a abolição dos escravos, formaram-se vários cortiços neste mesmo local, na transição do século XIX para o século XX. Enquanto isso, a burguesia enriquecida pelo café mostrava seu status arquitetônico através dos palacetes e das residências requintadas, principalmente no entorno da Praça Imprensa Fluminense – hoje o Centro de Convivência - junto à Avenida Júlio de Mesquita. Logo após a abolição e com a chegada dos imigrantes, os trabalhadores negros ficaram marginalizados na economia cafeeira da região de Campinas, concentrando-se no campo ou em trabalhos informais. Neste contexto, Adão Geraldo dos Santos, filho de escravos e nascido em 1880, se destaca por realizar um trabalho mais independente, que envolvia relações sociais e habilidades específicas: tratava-se de seu empreendimento familiar na área de transporte de tração animal - o coche - utilizado intensamente na locomoção de pessoas e de cargas advindas dos fluxos diários da Companhia Mogiana e da Companhia Sorocabana. Com o sucesso do trabalho, ele adquire um lote de terreno da antiga fazenda, que pertencia à família Bueno de Miranda, onde inicia a construção de sua casa, e futuro Museu do Negro, em 1911. Visando adequar a estrutura do local para o empreendimento que realizava, constrói nos fundos uma cocheira e um estábulo e, no terreno ao lado, um bebedouro para cavalos. A atividade envolvia toda a família, sobretudo seu filho mais velho, Adão Bernardino, que também herdou do pai a profissão de cocheiro. Nas duas primeiras décadas do século XX, Campinas crescia rapidamente, fruto das estradas de ferro que rasgavam o interior paulista, transformando-a de uma simples província em um centro cafeeiro. Para acompanhar essa conjuntura enriquecedora, o surgimento da energia elétrica foi fundamental para potencializar algumas técnicas e reciclar outras, como a dos bondes de tração animal e dos trens de tração a vapor, os quais, respectivamente em 1911 e 1921, seriam substituídos pela tração elétrica. Adão Bernardino, que dava continuidade aos negócios do pai, falecido em 1914, percebe simultaneamente as dificuldades do trabalho. Impossibilitado de manter e modernizar o empreendimento paterno perde a posse dos coches e passa a trabalhar como maleiro na estação ferroviária, onde foi registrado, em 1953, como carregador. Entretanto, lá o trabalho era mais lucrativo, considerando os recebimentos paralelos das comissões, sobretudo por sua qualificação distinta em falar um pouco de outras línguas e praticando sua habilidade eventualmente com os passageiros estrangeiros com quem tinha contato. Tendo constante preocupação com os empreendimentos e a estabilidade financeira, recorre a várias associações existentes que “visavam prestar serviços à população de cor, numa tentativa do negro criar um mundo paralelo ao do branco, em resposta às suas dificuldades ou impossibilidades de sobrevivência, não apenas física, mas também cultural.” Estas abrangiam desde a assistência hospitalar e funerária até a organização político-social, que muitas vezes se originavam no próprio trabalho. Temos registro de que Adão Bernardino associou-se a vários tipos, tais como a Liga Humanitária dos Homens de Cor, em 1934, a Sociedade Beneficente Isabel Redentora, em 1936, e a Associação Humanitária Operária em 1934. Dessa maneira, conseguiu viabilizar vários investimentos para a família, chegando a adquirir, no fim da vida, um patrimônio constituído de dois terrenos e três casas, entre elas nosso atual museu, que foi herdado pelo seu filho, Agostinho dos Santos. Nascido em 1925, ele pertence à terceira geração e pôde desfrutar as melhores condições financeiras e sociais da família, sempre tendo os estudos pagos pelo pai e sendo fundamental a passagem pelo Colégio São Benedito, que teve papel importante no “processo de afirmação do homem negro campinense livre, enquanto cidadão e ser capaz de perfeitamente integrar-se ao modelo, idealizado pelo grupo branco, de qual deveria ser o lugar do negro na sociedade”. Formou-se no curso técnico de contabilidade no Colégio Bento Quirino, porém, por não encontrar emprego nesta área, ingressou na guarda civil em 1947, em São Paulo, cidade onde, pelo fato do número de guardas negros ser maior, a perspectiva de uma situação melhor era crescente, além de propiciar certa posição social como policial civil. Sempre que seu pai ficava doente, vinha a Campinas para ajudá-lo em sua recuperação, porém, numa dessas ocasiões, Agostinho se fixa momentaneamente na cidade, passando a ser permanente desde de 1972, ano da morte de seu pai. Desde a primeira geração, a família Santos teve como concepção religiosa o catolicismo, passando de pai para filho o costume de ir as missas e prestar devoção aos santos católicos. Em seu depoimento, Agostinho nega o envolvimento de sua família com a cultura religiosa de raiz negra, o candomblé, afirmando que a maioria dos negros que conhecia eram católicos. Este cenário reflete, portanto, a situação delicada acerca da questão religiosa dentro da comunidade negra em meados do século XX. Havia uma dualidade entre os próprios negros no que se refere à concepção religiosa. Dividiam-se entre os que seguiam o culto da religião de origem negra, sofrendo como conseqüência forte repressão por parte da população civil e militar, uma vez que eram vistos como feiticeiros; e os que freqüentavam as Irmandades, sobretudo a Irmandade de São Benedito, local que propiciava uma inserção do negro dentro da religião católica, predominante na sociedade campineira. Dessa forma, fica claro que para ser aceito no convívio social enquanto cidadão negro livre, o fato de freqüentar uma Irmandade era vantajoso e muitas vezes necessário, o que provocou em várias gerações o completo afastamento da religião de origem. Desde o desenvolvimento deste estudo, realizado para o histórico do processo de tombamento na CSPC , muitos fatores ocorreram modificando o rumo do Museu do Negro, entre estes o falecimento do Sr. Agostinho, em maio de 2004. Desde então, o local mantém as visitas e os diálogos com a comunidade, mas focaliza especialmente a área artística, uma vez que o local foi cedido como ateliê para Aluízio Geremias, artista plástico negro que, vivenciando os cordões de carnavais de Campinas, retrata-os em suas obras.



Carolina Bortolotti de Oliveira, Arquiteta e urbanista, especialista em Patrimônio Arquitetônico, mestre em Urbanismo pela PUC-Campinas.e-mail: linabortolotti@yahoo.com.br




Gabriela Veras Iglesias, Graduanda em História pela USP.e-mail: gv.iglesias@gmail.com